Assédio moral no ambiente de trabalho

Por Adelita Campos Araújo*

O trabalho para o ser humano pode ser entendido como forma de assegurar sua identidade, aperfeiçoar seu aprendizado, realização pessoal, profissional e, até mesmo, como meio de subsistência. Dessa maneira, quando desempenhado com alguns entraves, o trabalho pode apresentar baixo rendimento do trabalhador, sua insatisfação, adoecimento desse profissional, prejudicando não apenas sua jornada de trabalho, como o andamento e a rentabilidade da empresa. Nesse sentido, é imprescindível a reflexão acerca do assédio moral e suas consequências para o trabalhador em diversas áreas e contextos.

A temática em questão ainda é pouco abordada, mas vem ao longo do tempo ganhando espaço e discussões estão sendo realizadas no sentido de amenizar tal problemática nas empresas. Atualmente o mobbing, bullying e a síndrome de burnout são termos frequentes em nosso cotidiano e que estão em consonância com o assédio moral. O mobbing é caracterizado por provocar mal-estar, desequilíbrio psico-físico e o indivíduo pode até se isolar de seu meio de convívio profissional e pessoal. Já o bullying é a palavra empregada para caracterizar atos de violência física ou psicológica. Na maioria das vezes acontecem de forma repetitiva e intencional, objetivando intimidar ou mesmo agredir o outro. A síndrome de burnout é associada diretamente à história profissional do indivíduo e é definida como esgotamento físico e mental, distúrbio psíquico, capaz de desencadear depressão.

O assédio moral, por sua vez, é um fenômeno que afeta homens e mulheres e pode ocorrer em qualquer ambiente coletivo. Sendo assim, esses locais suscitam a convivência e a interação entre pessoas, o que nem sempre é visualizado como uma relação saudável, persistindo desentendimentos, agressões verbais, físicas, atitudes hostis, situações vexatórias e, consequentemente, desencadeamento de doenças laborais, como: estresse pós-traumático, ansiedade, depressão, aumento do peso, emagrecimento, hipertensão, insônia, dentre outras.

Sabe-se que muitas vezes os empregados não reconhecem algumas ações de seus superiores como sendo assédio moral, sentem-se hostilizados, magoados, mas incapazes de identificar relações aéticas. Salienta-se que o assédio moral pode ser vertical, horizontal e ascendente. Vertical quando o empregador constrange ou humilha o empregado. Horizontal, quando a hostilidade ocorre entre colegas de trabalho. Ascendente, quando o empregado desrespeita o empregador ou chefe.

Há de se atentar para o mundo atual e suas exigências, de modo que a competição, a concorrência por colocações no mercado, melhores atuações, cobranças, são situações favorecedoras do assédio moral e de doenças laborais.
Logo, há a necessidade de alguns departamentos dentro das empresas se mobilizarem e se comprometerem num trabalho junto aos funcionários e às chefias correspondentes, na busca pela identificação do assédio moral, como enfrentar a situação, como proceder diante desse evento e associar a conduta de assédio às normas de proteção junto ao Direito do Trabalho, no que tange à segurança e à saúde do trabalhador.

Esse comportamento por parte dos empregadores poderá se constituir na satisfação dos funcionários no ambiente de trabalho, o que se refletirá no aumento da produção e lucro da empresa e numa relação harmoniosa e saudável entre os funcionários e administradores de maneira geral.

(*) Enfermeira (UFPel), mestre em Enfermagem (Furg) e Maira Buss Thofehrn - doutora em Enfermagem (UFSC) e professora adjunta da Faculdade de Enfermagem (UFPel)