terça-feira, 27 de julho de 2010

Denúncia de assédio moral deixa Banco do Brasil em saia justa


Funcionária diz ter sido coagida por superiores a pedir a aposentadoria. Recentemente, banco estatal já foi condenado a pagar indenização

Correio Brasiliense

Ameaças de demissão e condutas inadequadas de superiores colocaram o Banco do Brasil (BB) em uma nova saia justa. Uma ex-funcionária acusa a instituição de ter sido impelida a deixar o cargo e a pedir aposentadoria antecipada após episódios de assédio moral sofridos no trabalho.

A denúncia foi documentada em cartas — às quais o Correio teve acesso — direcionadas ao Conselho de Administração do banco, à Ouvidoria-Geral da União (OGU) e ao Sindicato dos Bancários de Brasília. Nos textos, Vânia Venâncio, ex-gerente da Ouvidoria do BB, departamento responsável justamente por receber e apurar irregularidades internas na instituição, queixa-se da falta de experiência gerencial do chefe imediato, um sindicalista que teria adotado uma espécie de “política de Salomé”, como conta a própria funcionária.

“Fui comunicada pelo gerente-executivo a que estava subordinada (...) que ‘tinham pedido minha cabeça’, mas que ele iria me manter no cargo e analisar meu desempenho. Creditei essa forma inadequada de condução à sua pequena experiência gerencial no BB. Essa alusão a uma política de Salomé, que tem como premissa o corte de cabeças, deu o tom de nossa relação ao longo dos meses”, relatou em um dos comunicados.

Sindicato vai à Justiça

A funcionária que acusa o Banco do Brasil de assédio moral preferiu não comentar as denúncias, alegando já ter enviado as solicitações aos órgãos competentes. Em uma das cartas, ela relata a dificuldade que a Ouvidoria (1)tem em apurar irregularidades. “A localização da Ouvidoria Interna no quinto escalão da arquitetura organizacional do BB traz dificuldades previsíveis de cunho político-institucional. Como uma gerente de divisão vai conduzir denúncias de superintendentes, gerentes-executivos, diretores e demais funções estratégicas?”

A OGU, órgão subordinado à Controladoria-Geral da União (CGU), confirmou o recebimento das denúncias no mês passado e ressaltou que, ao relatar o pedido de aposentadoria, a ex-funcionária enfatizou a falta de autonomia operacional como um dos principais problemas que a expunham ao assédio moral. A OGU pediu explicações ao banco, que ainda não respondeu à acusação. Ao Correio, a assessoria da instituição informou que “a demanda da funcionária aposentada refere-se a processos internos e está sendo avaliada por instâncias internas, que tratam de tais assuntos”.

O caso também foi levado ao Sindicato dos Bancários de Brasília, que prepara a documentação para acionar o BB na Justiça. De acordo com o diretor do sindicato, Rafael Zanon, casos envolvendo denúncias de assédio moral ainda são de difícil resolução. “O assunto é novo e ainda há uma certa dificuldade em resolver esses casos administrativamente. O que a gente normalmente faz, com a autorização do funcionário, é mandar para o Judiciário.”

Recentemente, o BB foi condenado pela 6ª vara do trabalho a pagar R$ 200 mil a uma funcionária que afirmou sofrer constantes retaliações por parte do banco após participar de uma greve, em 2008. Na época, ela teve seus pertences retirados do local de trabalho e foi vítima de campanhas difamatórias. Ao responder a muitos dos pontos da ação, o banco afirmou que se tratavam de “devaneios” da funcionária.

De acordo com a OGU, a solicitação da funcionária pode resultar na abertura de uma sindicância para investigação no banco. Caso seja constatado o assédio moral, a instituição pode sofrer um processo administrativo disciplinar. O BB informou, por meio da assessoria de imprensa, que o Conselho de Administração, presidido pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, recebeu as reclamações e as encaminhou aos departamentos do banco que têm competência para a análise. (GC)

1 - Apuração

A existência de uma área em cada instituição para apurar irregularidades internas é uma determinação do Banco Central. A ouvidoria é responsável sempre por receber as reclamações e averiguá-las. A denúncia então é repassada para a Auditoria, responsável por julgar e aplicar sanções administrativas.

Um comentário :

  1. PASSEI NO CONCURSO DE 2007. FUI CONVOCADA EM 2010 E FUI TRATADA COMO UMA IDIOTA POR ALGUNS GERENTES DA AGÊNCIA QUE FUI CONVOCADA. ESSES GERENTES SE ACHAM DONOS DESTA AGÊNCIA. SOFRI DURANTE OS 75 DIAS NESTA AGÊNCIA TODOS OS TIPOS DE HUMILHAÇÕES. SEGUNDO ELES A MINHA IDADE 46 ANOS É DE UMA VELHA QUE NÃO SERVE PARA MAIS NADA.NO MEU PRIMEIRO DIA NA AGÊNCIA A GERENTE PERGUNTOU A MINHA IDADE E CONCLUIU QUE EU NÃO TINHA MAIS PERFIU PARA TRABALHAR NO BANCO DO BRASIL. É LAMENTÁVEL.

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