sábado, 14 de agosto de 2010

Gol em estado de greve


Presidente da companhia sai pelos aeroportos ouvindo os empregados, que decidem aguardar até dia 20, quando haverá audiência no MPT

Por Vânia Cristino, Correio Braziliense - Publicação: 14/08/2010, 08:56

Os passageiros da Gol ainda correm riscos. Não haverá paralisação agora, mas os funcionários da empresa aérea não desistiram de lutar por melhores condições de trabalho. Em assembleia realizada ontem os aeronautas e os aeroviários — pessoal de voo e de apoio em terra — decretaram estado de greve como forma de pressionar a empresa nas negociações que estão em curso.

A reclamação recorrente foi com relação à escala de trabalho — principal motivo da confusão nos aeroportos do país no fim do mês passado —, além de salários defasados e assédio moral. Segundo explicações dos sindicatos, o estado de greve é uma espécie de ameaça que os funcionários fazem para pressionar a empresa. Na prática, não altera o trabalho, pois não há paralisação.

Na pauta de reivindicação de pilotos, copilotos e comissários (aeronautas) está a exigência de cumprimento da regulamentação profissional, reajuste salarial e pagamento de plano de saúde e de previdência complementar. Durante a assembleia, os comissários chegaram a propor uma “operação tartaruga”, que, no entanto, não foi aprovada. A pauta de reivindicações seria apresentada ainda ontem à empresa.

Para tentar diminuir a diferença salarial entre pilotos, copilotos e comissários, a proposta é que seja repassado aos comissários e copilotos o mesmo percentual de reajuste concedido aos comandantes em 2007, quando eles passaram a ganhar mais por hora de voo. Os funcionários pedem também que o salário fixo seja equivalente a 54 horas de voo, multiplicadas pelo valor reajustado da hora. Já os aeroviários (pessoal de terra) querem isonomia salarial para a mesma função — segundo eles, a diferença é grande de um aeroporto para outro —, término das horas extras e fim do assédio moral praticado pelas chefias na definição das escalas de trabalho.

Negociação continua

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, disse que o estado de greve permanecerá até 20 de agosto, quando está marcada uma audiência pública no Ministério Público do Trabalho de São Paulo. A estratégia do presidente da Gol, Constantino Júnior, para evitar a greve parece ter dado certo nesse primeiro momento.

Funcionários da companhia contaram que ele realizou um verdadeiro périplo nos últimos dias pelos principais aeroportos do país para conversar com os trabalhadores. Os funcionários da companhia aérea aproveitaram as assembleias realizadas ontem para fazer uma série de denúncias sobre as condições de trabalho na Gol, como escalas irregulares e fadiga da tripulação. Segundo os funcionários, pilotos e copilotos têm recorrido a diversas artimanhas para superar o cansaço, como, por exemplo, comandar a aeronave em pé para não correr o risco de dormir em serviço.

Segundo os trabalhadores da Gol, existem diversos relatos de comandantes e copilotos das aeronaves que pedem que os comissários entrem na cabine com frequência para mantê-los acordados. O cansaço extremo, segundo eles, é consequência das escalas irregulares de trabalho e das noites seguidas de voos. Durante a assembleia, o sindicato orientou os funcionários a preencherem um documento oficial, disponibilizado pela Gol, recusando-se a voar em caso de fadiga ou problemas de saúde.

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