domingo, 6 de fevereiro de 2011

Assedio Moral no Serviço Público

Por Leonardo Costa

Nós comumente reclamamos dos serviços públicos oferecidos pelo Estado e, em geral, dos servidores que fazem corpo mole na hora de trabalhar, mas a culpa, às vezes, vem de práticas hostis que estes servidores sofrem na mão de chefes despreparados e que tem como único mérito, saber puxar o saco da pessoa certa e parasitar o Estado.

O atual Governo do Amazonas trouxe, como herança secretários estaduais que, em sua maioria, eram responsáveis por suas pastas há vários anos, desde o início da primeira gestão de Eduardo Braga. No entanto, embora o discurso seja de que estes já estão alinhados com a política de governo, o bom seria que não esquecessem que estão em estágio probatório.

O alerta serve para todas as pastas estaduais. O que se vê no serviço público é a falta de atenção a uma situação bastante comum: o assédio moral. Com frequência ouço reclamações de servidores, comissionados e efetivos, que sofrem perseguição, calúnias, fofocas e humilhações em seu ambiente profissional. Ao invés de serem exonerados de seus cargos, passam a ser vítimas de uma das situações mais antigas quanto o próprio trabalho.

Talvez os servidores públicos não saibam – e se sabem fazem ouvido de mercador – existe um site especializado sobre o tema, inclusive citado pela Revista de Direitos Humanos (DHNET) como um dos melhores sites em direitos humanos existente em língua portuguesa, disponível no endereço http://www.assediomoral.org. O site traz várias matérias sobre o tema, além de cartilhas e manuais de orientação.

De acordo com o site, assédio moral “é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”. Você reconhece este cenário de algum lugar? O que dizer de frases como “Será mesmo que você está doente? São sei porque você está aqui já que seu trabalho é quase zero. Eu sou o chefe; eu mando e você obedece.” Estes são alguns exemplos bem leves do que acontece por aí.

O assédio moral é chamado também de “microviolência do cotidiano”. Com medo de perder seu ganha-pão, muitos se calam. Outros, acham que é apenas o “gênio ruim” do chefe ou de um superior que o leva a agir daquele jeito. Já chega, não acha? Trabalhador não tem que passar por este tipo de situação. E se você achar que está sendo vítima deste tipo de abordagem criminosa, procure seus direitos, constitua um advogado, não se permita passar por isso.

Fica o alerta para os secretários de estado: em seus nomes, há ocupantes de cargos de chefia e gerência que humilham, maltratam, ofendem, perseguem outros trabalhadores sempre com justificativas que incluem alguns jargões, como “o secretário quer isso, quer aquilo, o secretário mandou”. Seria bom – e prudente – que os secretários de estado estreitassem os laços com seus subordinados e não deixassem na mão de alguns poucos a responsabilidade de ações que podem comprometer suas carreiras. Olho nos assessores, olho na lei. Depois não adianta dizer que não sabia de nada.

Um comentário :

  1. Ao ler esta matéria fiquei particularmente feliz, pois trabalho em uma instituição publica municipal de saúde em São Leopoldo RS onde a prática de assédio já faz parte da cultura da instituição, seja por colegas ou superiores hierárquicos os quais até incentivam esta prática (velada) por puro prazer sádico que se intitula "diversão".
    O sofrimento de quem é alvo desta prática é grande e culmina com rótulos, constrangimentos e finalmente a imagem está denegrida para sempre junto com a auto-estima e saúde mental.
    A o cargo de "diretor" e "chefe' é sempre delegado à servidores por políticos os quais se preocupam apenas com assuntos que convenientes a eles como "favores pessoais" como por exemplo trabalhar em campanhas em troca de cargos.
    Deixo aqui meu apelo para que a justiça interceda contra estas práticas pelo bem moral e pela saúde mental de servidores desinformados e acuados pelo medo e terrorismo imposto por estes "pseudos-chefes".

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