quarta-feira, 19 de maio de 2010

Assédio moral: Ministério Público analisa denúncias


Além das queixas desta semana há processos dos advogados do município contra o procurador...

Por Francielly Hirata, Gazeta do Paraná

As denúncias de servidores do município de Cascavel de que o prefeito Edgar Bueno os coagiu para que mentissem para a imprensa contra o MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia) esta semana reascenderam os casos de assédio moral da administração pública. Além das acusações atuais ao Ministério Público, no ano passado os advogados da prefeitura entraram com ações contra o procurador, Kennedy Machado, e o subprocurador, Ademir Jesus da Veiga, alegando assédio moral. Ambos os casos estão aguardando a decisão do Ministério Público.

Ontem (18) a reportagem da Gazeta do Paraná relatou que a funcionária da prefeitura Katy Taborda, que faz parte das 178 famílias de um convênio habitacional entre município e movimento anulado pela prefeitura, alega que o prefeito a chamou em seu gabinete solicitando que gravasse entrevista afirmando que o MNLM arrecadava dinheiro para conduzir os projetos habitacionais. Mas, segundo a servidora, como a mesma negou prejudicar as demais famílias, o prefeito a retirou do cargo que exercia e retirou suas gratificações. Katy e outros dois servidores denunciaram a coação e assédio moral ao Ministério Público.

O promotor substituto da 7ª Promotoria do Ministério Público, Ângelo Mazzuchi, informou que ouviu as denúncias na segunda-feira (17) e ontem oficiou o município para prestar informações, mas somente após as respostas da parte irá analisar as denúncias e verificar se é caso para o Ministério Público se manifestar. O presidente do Sismuvel (Sindicado dos Servidores Públicos do Município de Cascavel Noraci Nonatto, revelou que os funcionários ainda não procuraram o sindicato, mas que se solicitarem o mesmo tomará as providências por assédio moral. “São servidores de carreira e vamos nos manifestar a favor”, pontua ao lembrar o caso dos procuradores do município.

A assessoria de imprensa da prefeitura alega que com relação à denúncia dos servidores de assédio moral e coação contra o prefeito, a administração ainda não foi notificada pelo Ministério Público, portanto tem conhecimento dos fatos somente pela imprensa e somente se manifestará caso receba a notificação.

O que é assédio moral?

A exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções é conhecida como assédio moral. Este tipo de relação é mais comum em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e sem éticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida aos subordinados desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização.

Danos da humilhação à saúde*

A humilhação constitui um risco invisível, porém concreto nas relações de trabalho e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, revelando uma das formas mais poderosa de violência sutil nas relações organizacionais. A manifestação dos sentimentos e emoções nas situações de humilhação e constrangimentos é diferenciada segundo o sexo: enquanto as mulheres são mais humilhadas e expressam sua indignação com choro, tristeza, ressentimentos e mágoas, estranhando o ambiente ao qual identificava como seu, os homens sentem-se revoltados, indignados, desonrados, com raiva, traídos e têm vontade de vingar-se. Sentem-se envergonhados diante da mulher e dos filhos, sobressaindo o sentimento de inutilidade, fracasso e baixa auto-estima. Isolam-se da família, evitam contar o acontecido aos amigos, passando a vivenciar sentimentos de irritabilidade, vazio, revolta e fracasso. Passam a conviver com depressão, palpitações, tremores, distúrbios do sono, hipertensão, distúrbios digestivos, dores generalizadas, alteração da libido e pensamentos ou tentativas de suicídios que configuram um cotidiano sofrido. É este sofrimento imposto nas relações de trabalho que revela o adoecer, pois o que adoece as pessoas é viver uma vida que não desejam, não escolheram e não suportam.

*Dados da Organização Assédio Moral no Trabalho

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